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domingo, 29 de março de 2015

Raid BTT "Porto Salvo – Sintra – Porto Salvo"


Raid BTT "Raid'o Vento"
A crónica.

Quatro amigos sairam do local combinado à hora exacta; Eu, o Tuca, o Swoop e o Queimado.
Devido ao forte vento que já se fazia sentir naquela hora matutina, optámos por efectuar algumas alterações ao percurso proposto, evitando desta forma, pedalar com vento frontal nos primeiros e últimos quilómetros desta aventura.

Com pouco mais de 5kms percorridos, num dos primeiros e mais traiçoeiros singletracks do dia, o Tuca deixa escorregar a frente da sua menina para as profundezas de um rego escondido no meio dos pequenos tufos de erva e em menos de nada brinda o solo com o carimbo do seu jersey!

Honra manchada e bicha do cabo de mudanças partida como resultado. O Queimado que seguia na roda do nosso amigo teve o previlégio de ver a cena em primeira mão. Diz que foi aparatosa!

Parámos para a toma do café da manhã ainda antes da queda do Tuca, em Talaíde, numa espécie de taberna, e que era o único que se encontrava aberto.
Sem mais dificuldades além das proporcionadas pelo forte vento, fomos andando bem até entrarmos na Serra pela Quinta da Beloura, em direcção à Lagoa Azul, onde efectuamos a primeira paragem para petiscar qualquer coisa e dar uma vista de olhos no sistema de mudanças da bicicleta do Tuca que se viu afectado com a queda anterior. Desde aí até final, o nosso companheiro teve que lidar com umas mudanças saltitonas e teimosas.
Aqui soube também que o Swoop vinha mais leve, com menos um raio na roda traseira (!)
WHAT?!?

70Kms de caminhos, dos quais a grande maioria deles seria em trilhos pedregosos e técnicos, duros e exigentes para o material. Seria uma sorte qualquer roda com menos um raio e já empenada resistir ás inclemências a que iria ser sujeita. Mas sobreviveu e o Bruno conseguiu chegar aos carros ainda a rolar, mas num estado que nem vos conto. Só para terem uma ideia, ainda a largos quilómetros do final o Swoop já tinha deixado de poder meter força em cada pedalada, obrigando o rapaz a uma cadência leve, tão diferente daquela que o homem gosta!
Os barulhos provenientes da traseira da bike do "Snoopy" faziam lembrar o chincalhar das pulseiras das ciganas.
O Queimado esse, seguiu sempre forte! Com a sua 29 trepou tudo o que havia para trepar, normalmente sempre na frente do nosso grupinho, a puxar e a guiar a malta com o seu GPS. Ou então não guiou ninguém, mas foi de certeza o que fez mais quilómetros, já que nunca acertou num desvio :)

Fizemos alguns atalhos pontuais na zona do alto da Serra devido a alguns caminhos cortados ou danificados e dei a conhecer aos meus amigos outros novos. Fomos abastecer de água e comer mais qualquer coisa aos Capuchos, onde chegámos por mais uns trilhos novos e outros já conhecidos mas em sentido descendente que é sempre melhor; Na Peninha descemos para um singletrack novo e brutal, onde achei sinceramente que o Bruno iria perder a roda traseira. Desde a Peninha que o sentido do percurso era descendente, mas também o vento alterou um pouco a direcção e ao invés de soprar nas nossas costas, soprava um pouco de lado, não ajudando o desejado na progressão do grupo, a esta altura já mais lenta e cansada.

Mais uns trilhos muito bons durante toda a descida e mais uma queda do Tuca.
A determinada altura, o singletrack onde circulávamos tinha umas acácias partidas e penduradas no meio do trilho. Eu passei bem; o Tuca vinha a uns cinco ou sete metros de mim. Desço cerca de cem metros e olho para trás. O nosso companheiro já não vinha lá e percebi imediatamente que teria passado algo. O trilho era estreito, inclinado, falso e técnico. Propenso a um deslize, a uma queda. A acácia não deixou o Tuca passar, agarrou-lhe o guiador e jogou o rapaz ao tapete. Esta queda, não deixando marcas no material, deixou-as na pele do nosso amigo!
A roda do Swoop continuava a resistir às maluqueiras, às pedras e às ráizes dos muitos trilhos e singles por onde continuávamos a descer.
O Queimado, forte, inabalável e imparável.
Eu começava a acusar cansaço e alguma menor reacção nos reflexo, acabando por sofrer um "susto", ao falhar uma trajectória numa zona bastante pedregosa. Por acaso tive alguma reação de abortar a tentativa de corrigir a frente e optei por saltar por cima do guiador da bicicleta e aterrar de pé, no meio das silvas e arbustos, sem um arranhão.

Daqui até ao final fomos alterando o track para fugir um pouco das subidas mais fortes e evitar o final a pedal com vento de frente; Caminhos mais simples e menos exigentes foram de bom grado de todos. O cansaço mostrava-se evidente, mas era o material das bikes do Tuca e Swoop que mais se queixava.

Terminámos a descer a gosto de todos, e acabámos a comemorar a façanha no Pandinha, com umas cervejas e um breve descanso!
A malta estava cansada, eu estava e conseguia ver o mesmo na cara dos meus companheiros, mas afinal sempre tinhamos acabado de cumprir 70kms certinhos de duros e exigentes caminhos, com um desnível total de acumulado positivo de cerca de 1500 metros. Tendo saído às 08H15, chegámos ao final às 14H15, com uma velocidade média de andamento de 13.8km/h, bem longe portanto do "entre os 15 e os 17"!

Aos meus companheiros de "Raid", um grande obrigado pela companhia, é sempre um prazer pedalar com vocês, meus amigos!
Espero que tenham gostado, e que por esta altura o empeno já tenha passado!

O vídeo resultante da aventura...


O percurso em formato *.gpx encontra-se disponível na pasta "Tracks GPS".

Abraçorros
Frederico Nunes "Froids"